TESTEMUNHO
“Quando o coração se me amargou e as entranhas se me comoveram, eu estava embrutecido e ignorante; era como um irracional à tua presença. Todavia, estou sempre contigo, tu me seguras pela minha mão direita. Tu me guias com o teu conselho e depois me recebes na glória”
Salmo 73:21 a 24
1988
“...Um dia a pessoa que a gente ama vai embora, levando junto nossos sonhos e projetos de vida. A gente chora, esperneia, se descabela, se arrasta...A gente nega, não quer acreditar no que está acontecendo. Nesta hora, a esperança é a primeira que morre! (por favor, não me venham dizer que é a última!!!). Mas a gente sobrevive. A princípio, como um zumbi, talvez robô; lê tudo que é literatura sobre separação, reconstrução de vida, auto-estima, sucesso; como se pudesse descobrir alguma fórmula mágica para sair de tamanho buraco.
Três filhos pequenos (bem pequenos!) para criar; sem profissão, sem perspectivas, sem nem ao menos saber como movimentar uma conta bancária, ou fazer um pagamento. Deu pra sentir o clima?
A essa altura percebe-se que já se está com 35 anos, e que durante os últimos 19 anos desempenhou muito bem o papel de companheira (com mestrado e Phd no assunto) e repentinamente se vê destituída do cargo. A única solução é ir à luta. A gente finge que o outro morreu; enterra, manda flores, “reza missa” e faz uma placa pedindo a Deus para conseguir esquecer...
2000
Já se passaram quase 12 anos desde o tempo em que escrevi as palavras acima, e o que me lembro daquela época foi o descomunal sentimento de raiva que se instalou em minha vida.
De todos os meus relacionamentos na época, só conhecia um casal que havia se separado definitivamente, o que me chocara e entristecera muito, pois sempre acreditei no casamento e no amor.
Sabia que todo casal tinha suas diferenças, mas achava que eram só fases provocadas pelo desgaste natural que ocorre em todos os relacionamentos, e que logo seriam superadas.
Acho que só quem já passou por um divórcio pode entender o verdadeiro estrago que ele faz em um lar, e o sentimento de raiva que custa a ir embora.
O dicionário “Aurélio” define a palavra raiva como: ódio, ira e rancor, e eu realmente sentia um misto destes sentimentos.
Gosto muito de um livro infantil (Raul da Ferrugem Azul) que fala sobre um menino que “enferrujou” em várias partes do corpo por não conseguir expressar sentimentos como indignação, raiva, revolta. Da mesma forma, nossa raiva quando “engolida” pode se disfarçar de muitas formas como dores de coluna, pressão alta, enxaquecas, complicações gástricas, taquicardia, etc. Nossa ferrugem só muda de nome, mas corrói da mesma forma.
Descobri ao longo destes anos, que posso, sim, sentir raiva quando sou humilhada; quando sou desprezada por pessoas que são importantes para mim, ou quando a necessária pensão alimentícia de meus filhos não vem (todos temos nossos próprios motivos para sentir raiva). Porém posso deixar Deus transformar esta raiva em mansidão. Isto não depende do meu domínio próprio, mas é fruto do Espírito em um coração transformado pelo amor de Deus.
Tenho aprendido que é necessário fazermos a nossa parte. Quando estou passando por alguma crise, faço exercícios físicos, ando muito até oxigenar melhor meu cérebro e minhas idéias. Ao mesmo tempo busco a Deus, medito em cima de um versículo que seja importante para mim, canto hinos de louvor a Deus; às vezes choro, até a raiva sair e minha alma voltar ao seu sossego. Só assim consigo ouvir a voz de um Pai misericordioso, e me certificar de que as misericórdias do Senhor não têm fim, e renovam-se a cada manhã (Lamentações 3: 22 a 23).
Penso que, quando estamos por demais envolvidos com nossos afazeres e nos afastamos de Deus, Ele fica com muitas saudades e permite que certas coisas aconteçam em nossas vidas para que O busquemos de todo coração.
Nunca estive tão perto do Senhor como nestes anos em que tenho sido mãe, pai e provedora. Fui à luta, entrei no mercado de trabalho, passei a ser gerente financeira do meu lar e estamos sobrevivendo. Se dissesse que tem sido fácil, estaria mentindo, mas estou bem certa de que Ele está me segurando pela minha mão direita. Tem abençoado a mim e a meus filhos com familiares e amigos queridos que nos apóiam com muito amor e carinho, de forma concreta e emocional.
“Quando o coração se me amargou e as entranhas se me comoveram, eu estava embrutecido e ignorante; era como um irracional à tua presença. Todavia, estou sempre contigo, tu me seguras pela minha mão direita. Tu me guias com o teu conselho e depois me recebes na glória”
Salmo 73:21 a 24
1988
“...Um dia a pessoa que a gente ama vai embora, levando junto nossos sonhos e projetos de vida. A gente chora, esperneia, se descabela, se arrasta...A gente nega, não quer acreditar no que está acontecendo. Nesta hora, a esperança é a primeira que morre! (por favor, não me venham dizer que é a última!!!). Mas a gente sobrevive. A princípio, como um zumbi, talvez robô; lê tudo que é literatura sobre separação, reconstrução de vida, auto-estima, sucesso; como se pudesse descobrir alguma fórmula mágica para sair de tamanho buraco.
Três filhos pequenos (bem pequenos!) para criar; sem profissão, sem perspectivas, sem nem ao menos saber como movimentar uma conta bancária, ou fazer um pagamento. Deu pra sentir o clima?
A essa altura percebe-se que já se está com 35 anos, e que durante os últimos 19 anos desempenhou muito bem o papel de companheira (com mestrado e Phd no assunto) e repentinamente se vê destituída do cargo. A única solução é ir à luta. A gente finge que o outro morreu; enterra, manda flores, “reza missa” e faz uma placa pedindo a Deus para conseguir esquecer...
2000
Já se passaram quase 12 anos desde o tempo em que escrevi as palavras acima, e o que me lembro daquela época foi o descomunal sentimento de raiva que se instalou em minha vida.
De todos os meus relacionamentos na época, só conhecia um casal que havia se separado definitivamente, o que me chocara e entristecera muito, pois sempre acreditei no casamento e no amor.
Sabia que todo casal tinha suas diferenças, mas achava que eram só fases provocadas pelo desgaste natural que ocorre em todos os relacionamentos, e que logo seriam superadas.
Acho que só quem já passou por um divórcio pode entender o verdadeiro estrago que ele faz em um lar, e o sentimento de raiva que custa a ir embora.
O dicionário “Aurélio” define a palavra raiva como: ódio, ira e rancor, e eu realmente sentia um misto destes sentimentos.
Gosto muito de um livro infantil (Raul da Ferrugem Azul) que fala sobre um menino que “enferrujou” em várias partes do corpo por não conseguir expressar sentimentos como indignação, raiva, revolta. Da mesma forma, nossa raiva quando “engolida” pode se disfarçar de muitas formas como dores de coluna, pressão alta, enxaquecas, complicações gástricas, taquicardia, etc. Nossa ferrugem só muda de nome, mas corrói da mesma forma.
Descobri ao longo destes anos, que posso, sim, sentir raiva quando sou humilhada; quando sou desprezada por pessoas que são importantes para mim, ou quando a necessária pensão alimentícia de meus filhos não vem (todos temos nossos próprios motivos para sentir raiva). Porém posso deixar Deus transformar esta raiva em mansidão. Isto não depende do meu domínio próprio, mas é fruto do Espírito em um coração transformado pelo amor de Deus.
Tenho aprendido que é necessário fazermos a nossa parte. Quando estou passando por alguma crise, faço exercícios físicos, ando muito até oxigenar melhor meu cérebro e minhas idéias. Ao mesmo tempo busco a Deus, medito em cima de um versículo que seja importante para mim, canto hinos de louvor a Deus; às vezes choro, até a raiva sair e minha alma voltar ao seu sossego. Só assim consigo ouvir a voz de um Pai misericordioso, e me certificar de que as misericórdias do Senhor não têm fim, e renovam-se a cada manhã (Lamentações 3: 22 a 23).
Penso que, quando estamos por demais envolvidos com nossos afazeres e nos afastamos de Deus, Ele fica com muitas saudades e permite que certas coisas aconteçam em nossas vidas para que O busquemos de todo coração.
Nunca estive tão perto do Senhor como nestes anos em que tenho sido mãe, pai e provedora. Fui à luta, entrei no mercado de trabalho, passei a ser gerente financeira do meu lar e estamos sobrevivendo. Se dissesse que tem sido fácil, estaria mentindo, mas estou bem certa de que Ele está me segurando pela minha mão direita. Tem abençoado a mim e a meus filhos com familiares e amigos queridos que nos apóiam com muito amor e carinho, de forma concreta e emocional.
2008
Pois é, hoje, 5 de Agosto, completo 20 anos de carreira “solo”; (o texto acima foi uma palavra de testemunho que escrevi para a revista “Lar Cristão” em 2000) e o mais interessante, é que apesar de ainda sentir vontade de encontrar um companheiro, minha vida vai muito bem, graças a Deus!
Voltei pra faculdade, me formei, construí uma carreira que me sustenta, e estou em paz comigo mesma.
Os filhos criados, formados, começam a dividir despesas comigo, deixando a vida mais leve, menos assustadora.
Hoje já tenho outros sonhos e novos projetos de vida, e senti vontade de compartilhar esta experiência com vocês que me visitam aqui.
“Graças a Deus que nos dá a vitória por intermédio do nosso Senhor Jesus Cristo.” 1 Coríntios 15.57.
Amém!
Pois é, hoje, 5 de Agosto, completo 20 anos de carreira “solo”; (o texto acima foi uma palavra de testemunho que escrevi para a revista “Lar Cristão” em 2000) e o mais interessante, é que apesar de ainda sentir vontade de encontrar um companheiro, minha vida vai muito bem, graças a Deus!
Voltei pra faculdade, me formei, construí uma carreira que me sustenta, e estou em paz comigo mesma.
Os filhos criados, formados, começam a dividir despesas comigo, deixando a vida mais leve, menos assustadora.
Hoje já tenho outros sonhos e novos projetos de vida, e senti vontade de compartilhar esta experiência com vocês que me visitam aqui.
“Graças a Deus que nos dá a vitória por intermédio do nosso Senhor Jesus Cristo.” 1 Coríntios 15.57.
Amém!
19 comentários:
Meus sinceros parabéns!!!!
"As misericórdias do Senhor se renovam a cada manhã"
Brigada, Rubinho! Só Deus mesmo pra transformar as nossas vidas!
Um abração!
Olá querida Neli,
Estou em lágimas, e neste momento nem sei bem que lhe dizer.
Só vou dizer duas coisas:
A primeira - Dou glória a Deus
pela sua fidelidade.
A segunda -Alegro-me muito pelas suas vitórias.
Muito obrigada Neli, por ter partilhado tudo isto que é "muito seu", connosco.
Faz-nos muito bem ler e saber disto.
Fique bem, fique com o Altíssimo
Abraço-a carinhosamente
Viviana
Olá Neli,
Venho informá-la que acabei de publicar no meu glogue o seu Testemunho.
Como no outro dia a Neli me disse que eu poderia "usar" o que aqui encontrasse, eu assim o fiz.
Peço desculpa de só a informar agora; espero que não se aborreça comigo, ok?
Um abraço
viviana
Olá Neli. Obrigado pela sua coragem em partilhar sua forte história com os amigos. Vc eh pessoa muito batalhadora e não deve mesmo nunca esmorecer diante das adversidades da vida. Muito religiosa tbém. So Deus pra iluminar e aliviar os sofrimentos. Eu jah passei por dois divórcios e as separações são sempre muito doloridas e sofridas. Mas o importante eh seguir nossas vidas buscando a felicidade e trilhando o caminho com fé em nós e em nosso Pai, não eh ?
Parabéns pela vitória.
Felicidade, sempre.
Odilson
Bom dia Neli!
Seu texto me fez voltar ao passado,mesma história só que personagens diferentes,aconteceu com minha mãe.
Imagino o que vc passou.
Hoje o que te digo é o mesmo que sempre falo pra mim minha mãe:
Mulher de fibra,guerreira...
Parabéns, vcs são vitoriosas.
Um dia muito iluminado pra vc amiga
beijooo.
Doce Viviana,
Obrigada pela solidariedade, querida!
Você já deve ter percebido pelas coisas que escrevo, que atualmente sou uma pessoa de bem com a vida, e sempre andando com o bom Deus!
Então, não me aborreço de forma alguma que publicou meu post no seu blog, linda! Me sinto muito honrada com isso, e é para compartilhar com todos mesmo! Talvez ajude outras pessoas em situação semelhante.
Retribuo seu abraço carinhoso!
Oi, Odilson!
Obrigada por sua presença fiel aqui no blog. Me entristeci ao saber que você já tenha passado por dois divórcios, lindo!Separações não são fáceis, não é mesmo? Acho que os filhotes é que sofrem mais, não?
Meu desejo é que você seja feliz também!
beijocas e parabéns pelo novo blog!
Brigada, Aninha querida!
Que pena que você, como filha teve que sofrer os danos de uma separação, linda!
Brigada pelas palavras encorajadoras, amiga! beijinhos
Oi Neli,
Lindo testemunho !! vc faz parte daquele seleto grupo de mulheres que superam todos os dias os estigmas do sexo fragil.
mil beijos pra vc , cheios de admiração, afinal, todas as coisas colaboram para o bem daqueles que amam a Deus !!
Neli:
Eu também sou viúva de marido vivo. Já estou sozinha há 19 anos e meus filhos já têm 23 e 21 anos... Sei bem como é passar por "este pedaço"
Só que eu não sou mais tão romântica quanto você; nem como a Bete, que não quer mais saber de homem... Só não sei se o creme compensa... Rs,rs,rs
Até
Seu pensamento voou e me buscou até aqui. Nossa! Como sua história de vida se identifica com a minha.
Fui lendo e analisando, passei por muito de tudo isso.
Fiquei feliz com sua visita, estou carente de visitas e de palavras incentivadoras.
Obrigada por tudo.
Uma boa noite!
1000beijinhos!!!
brigada pelo carinho, Alice! beijocas, linda!
Então, Carmem, romântica eu sempre fui...hoje tenho mais os pés no chão, mas penso sim, em ter um companheiro... beijinhos, linda!
Ana Maria,
Que bom que veio até aqui! Amigos novos são sempre benvindos, ainda mais com recomendação da Viviana, rsrsrs Sinta-se em casa e acolhida aqui, linda!
Neli, só hj li sua história...
Eu estava (e ainda estou um pouco) em estado de choque desde o dia 03/08, qdo faleceu uma pessoa muito querida, me desculpe...
Quero te contar uma coisa:
Eu conheci um rapáz qdo tinha 14 anos, e me apaixonei por ele...meu 1º namorado...namorei com ele até os 17, qdo resolvemos nos casar.Pouco tempo depois descobri que ele me traia...larguei-o no mesmo instante...voltei pra casa do meu pai...Nisso eu estava com 18 anos e 1 ano de casada...
Foi muita decepção descobrir que a pessoa que vc ama, que vc escolheu´pra ser seu companheiro para o resto da vida não te dá valor, não te respeita...
Sofri com essa separação por mais de 2 anos;Continuava apaixonada, continuava magoada...
Mas hj em dia vejo que foi melhor pra mim, não estar com alguém que não me respeita só me faria mal mesmo...
Essa é uma das minhas histórias...tem mais um casamento desfeito depois disso, mas outra hora eu te conto...
Beijos, e Parabéns ...vc tem fibra!
Lia querida,
Que bom que deixou seu comentário, linda! Sabe , quanto mais compartilhamos nossa história com os outros, mais os acontecimentos vão se diluindo...
Quando releio o meu post, parece que estou lendo a história de uma outra pessoa...que bom que você também compartilhou seus momentos comigo! beijos
Lindo o post!
Brigada, Karine!
Você que é linda, amiguinha!
beijinhos
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